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Câncer de Colo do Útero: Podemos Erradicar a Doença? Teste de HPV por PCR pode ajudar

📅 Publicado em setembro de 2025✍️ Por Euclides Matheucci Junior, PhD – Grupo DNA / PPG-Biotec UFSCar



Introdução

O câncer de colo do útero é uma das principais causas de morte entre mulheres no Brasil. Apesar de ser uma doença prevenível e tratável, ainda registra números alarmantes. Segundo o INCA, são estimados 17.010 novos casos por ano entre 2023 e 2025. Em 2022, o país ultrapassou a marca de 7 mil mortes pela doença.

Neste artigo, vamos explorar a evolução dos métodos de diagnóstico e rastreamento, os avanços tecnológicos e as novas diretrizes brasileiras que apontam para um futuro onde a erradicação do câncer de colo do útero é possível.


Panorama atual no Brasil

  • O câncer de colo do útero é o terceiro tipo mais comum entre mulheres brasileiras.

  • Cerca de 19 mulheres morrem por dia em decorrência da doença.

  • A taxa de mortalidade ajustada por idade permanece alta, especialmente entre mulheres indígenas e pardas.

  • A vacinação contra o HPV e o rastreamento molecular são estratégias centrais para reduzir esses números.


Linha do Tempo: evolução do Diagnóstico

Século XIX

  • Espéculo: Permitiu a visualização direta do colo do útero.

  • 1886: Primeira descrição de lesão superficial por John Williams.

Década de 1920

  • Colposcópio: Criado por Hans Hinselmann.

  • Exame de Papanicolau: Desenvolvido por Georgios Papanikolaou.

Década de 1940

  • Aceitação do Papanicolau: Tornou-se padrão mundial.

  • Redução da mortalidade: Países com rastreamento organizado viram queda significativa.

Décadas de 1970–1980

  • Descoberta do HPV: Harald zur Hausen comprovou sua relação com o câncer.

  • Sistema Bethesda: Padronizou a análise citológica.

Décadas de 1990–2000

  • Testes para HPV: Começaram a ser usados clinicamente.

  • Vacina contra HPV: Protege contra os tipos 16 e 18.

A partir de 2010

  • Rastreamento com teste de HPV: Mais sensível que a citologia.

  • Autocoleta: Alternativa eficaz em regiões com acesso limitado.

  • Testes moleculares: Biossensores e tecnologias multiômicas ganham espaço.


Diretrizes brasileiras em 2025

O Ministério da Saúde atualizou as diretrizes de rastreamento, priorizando o teste de DNA-HPV por PCR como método primário para mulheres de 25 a 64 anos. Essa mudança visa ampliar o acesso e a eficácia do diagnóstico precoce.


Metodologias de Rastreamento

1. Papanicolau (Citologia Convencional)

  • Invenção: 1928.

  • Impacto: Redução drástica da mortalidade.

  • Limitações: Baixa sensibilidade e variabilidade na análise.

2. Citologia em Meio Líquido (CML)

  • Introdução: Década de 1990.

  • Vantagens: Permite testes moleculares adicionais.

  • Implementação no Brasil: Coleta para DNA-HPV pode usar CML.

3. Captura Híbrida

  • Metodologia: Detecta DNA de HPV de alto risco.

  • Limitações: Não identifica genótipos específicos.

4. PCR (Reação em Cadeia da Polimerase)

  • Alta sensibilidade e especificidade.

  • Genotipagem: Identifica tipos oncogênicos como HPV 16 e 18.

  • Intervalo de rastreamento: Pode ser estendido para até 5 anos.


Pesquisa e Inovação: LAMP como Alternativa Promissora

Em 2016, orientamos a tese de doutorado de Bruno Garcia Rocha no PPG-Biotec/UFSCar, explorando a tecnologia LAMP (amplificação isotérmica mediada por loop) para detecção de HPV de alto risco. Hoje, já são mais de 89 artigos indexados sobre essa metodologia, que se mostra promissora para diagnósticos rápidos e acessíveis.


Conclusão: a erradicação é possível

A trajetória do diagnóstico do câncer de colo do útero mostra que a erradicação da doença é uma meta realista. Com políticas públicas eficazes, vacinação em massa, rastreamento molecular e tecnologias acessíveis, podemos transformar esse cenário.


A ciência está pronta. Falta vontade coletiva.

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